sexta-feira, 8 de junho de 2012

O Grande Escândalo

Depois de percorrer longos caminhos para chegar até aqui...
Depois do período de choro e ranger de dentes....
Depois da sensação de perda, doída, definitiva, que me fez recapitular e recapitular....rebobinando a fita, considerando se o que estava sendo feito era realmente necessário...
Depois de lágrimas sentidas, da vontade de morrer, da sensação de fundo de poço que só tem quem realmente  desceu até o mais profundo obscuro....
Depois de me certificar várias e várias vezes de que o caminho era necessário, de aceitar a dor como benefício, de descobrir em mim mesma forças das quais eu nunca saberia dona; se não fossem requisitadas...
Sim. Parafraseando a jovem sonhadora do filme Labirinto, "Passei por inúmeros caminhos para chegar aqui. Meu reino é tão grande quanto o seu. E minha determinação é tão forte quanto a sua. Você não tem poderes sobre mim." Ninguém mais tem. Tudo que não me matou, me fortaleceu e com certeza, me deixou mais cética, mais fria, mais seca, mais rígida e mais amarga. Mas agora eu sei o que eu quero, mas sei com muito mais certeza do que eu não quero.

E agora eu me pego pensando no que é a liberdade. O que é?
O que é essa maldita liberdade, se meu coração só se compraz em repetir padrões que vão me machucar?
Estou tão farta, tão irritada, tão irremediavelmente solitária agora! Eu não me entrego, porque eu nego envolvimento. Não bebo. Não fumo. Não falo alto. Não saio à noite. Por ser uma mãe zelosa, não tenho tempo para ir fazer o que todo mundo aconselha: "ir conhecer gente nova". Que droga, não quero conhecer gente nova! Quero que o destino caia de pára quedas aqui, sem que eu precise procurar por ele. Não é assim nos filmes? Tudo por acaso?
E as músicas me vêem. Uma a uma. Ilustrando meu momento (porque minha vida tem trilha sonora!rs) "Olhei pra mim, me vi assim: tão longe de chegar mais perto de algum lugar....Solidão, quem pode evitar? Te encontro enfim. Meu coração é secular, sonha e deságua dentro de mim amanhã, devagar. Me diz como voltar?" Nas idas e vindas das vidas, meus dramas pessoais são colocados frente a mim, solicitando conduta para o próximo teste. Eu caminho. Vejo a pedra. Tropeço nela de novo. Que droga. Os sentimentos, as palavras, os cheiros, chegam, me consomem, me usam, me inebriam. Depois me jogam fora. Eu os jogo fora também. "Já estou cheio de me sentir vazio. Meu corpo é quente e estou sentindo frio. Todo mundo sabe, ninguém quer mais saber. Afinal, amar ao próximo é tão demodè".

Hoje eu me peguei cantando a música da qual eu e Michele nos apoderamos: "ó doce irmã...o que é que você quer mais? Se eu já arranhei minha garganta toda atrás de alguma paz? Agora nada de machado e sândalo. Você é quem traz o escândalo, irmã Luz. Eu marquei demais - tô sabendo. Aprontei demais - só vendo. Mas agora faz um frio aqui. Me responda. Tô sofrendo. Rompe a manhã da luz em fúria a arder. Dou gargalhada, dou dentada na maçã da luxúria - pra quê? Se ninguém tem dó. Ninguém entende NADA! O Grande Escândalo sou eu. Aqui. Só."