Zoológico Barros
Snow é um gato filhote que buscamos em Araçaí, na casa da tia Marcela. Ele nasceu em 01 de setembro de 2010. Entre os filhotes, era o mais serelepe, com o pelo arrepiado e esvoaçante, se destacando dos irmãos. Tinha a gatinha com todas as características marcantes de siamês, pelo baixo e branco, ponta do rabo, patas, orelhas e focinho escuros. Tinha Chiquitita, que era uma gata preta muito desmilingüida, medrosa, magrela, por quem eu me afeiçoei primeiro, movida pela compaixão mesmo, porque Chiquitita era muito feia, tadinha.
Já tínhamos aqui o Roberto, um milorde inglês, dono de vários castelos em Londres.
E tínhamos também a Beatriz, uma coelha (dona) fuzzy que a Michele deu para o Leo no aniversario dele em março de 2010. Quando o moço vendeu Beatriz pra Michele, ele disse que ela nunca ia crescer, ia ser sempre pequena e a orelha dela ia ficar caída, porque é a caracteristica da raça. Mas Beatriz é uma bitela e orelha dela tá mais arribada do que nunca. Hoje a Beatriz é quase o Chuck Norris, em tudo ela é a melhor – se fosse Dona, tava te repreendendo.... Esta menina também a responsável pelas maiores bagunças da casa, porque eu nunca vi sair do quintal onde tem grama e terra, para vir fazer cocô e xixi melequento aqui dentro de casa. Só ela é assim, bagunceira. Mas também, quem deu? quem? Seni seviyorum, Michele.
Tinha já aqui também o Harry, um porquinho da Índia muito arredio que gosta de morar ali entre os bambus, a gente chama ele de Pui Pui (porque ele faz um barulhinho assim) e Luan chama ele de Harry Carabina.
Trouxemos os três gatinhos. Snow virou o galã dos bichos do meu zoológico aqui. Chiquinha da Silva sempre ouvia: nossa, como ela é feinha, que medo! – e ela dava aquele miado reclamão, esganiçado.
A menina siamês foi para Henrique, que a batizou como Nina. Ela reina absoluta entre os cachorros da casa dele agora. E faz traquinagens pela casa inteira.
Snow e Chica ficaram aqui. Foram vacinados e vermifugados, comprei uma caixa de areia para eles ficarem dentro de casa, porque eu não queria que eles fugissem para a rua. Snow é lindo demais.
Mas estes bichinhos que se tornaram pessoas da familia, cada um com sua história criada e alimentada por Luan, com a criatividade, eloquência, humor e riqueza de vocabulário que ele mostra só quando quer.
Eis que estes filhotinhos se apossam de tudo que existe na casa, como se fossem criados unicamente para diverti-los. Eles se apossam do nosso braço, ou perna, se aconchegam e dormem. E nós, escravizados pelo calorzinho carinhoso deles, ficamos ali, felizes por termos sido escolhidos, imóveis. Deixamos de pegar um copo d’água, que é para não atrapalhar o sono do gatinho.
O Leo gosta de torturá-los às vezes, com depilação-pirulito-lambido, ou dando sustos nos pobres gatinhos, obrigando-os a fazer o que ele quer, na hora que ele quer e do jeito que ele quer. Mas Leo gosta dos bichinhos. Dá comida, troca a água, faz carinho. Mas todos sabem, Leo é turbinado. E os gatos até gostam. Agora mesmo ele apareceu aqui com Roberto Milorde, enorme, porque ele já é um rapaz, no colo do Leo, todo dobrado, querendo pelo-amor-de-deus estar em outro lugar milordeando sua elegância. Mas Felícia, digo, Leonardo, quer cantar para ele dormir, porque está na hora de dormir. (nem está, mas Leo quer que esteja) O que um milorde pode fazer?
Eu estou aqui escrevendo e de repente chega um e se empoleira no meu colo, se refugiando do carrasco-mirim. Eles andam sobre o netbook, escrevem qualquer coisa, porque gato aqui é tudo inteligente, são tipo superdotados.
Snow fez curso técnico de cabeleireiro por correspondência, vive fazendo penteados quando estou deitada na cama. Chiquinha gosta muito de reclamar, quando a gente faz um carinho nela, ele reclama quando a mão sai do pêlo sedoso dela. Nheim.
Quanto mais eu me surpreendo com pessoas que eu pensava conhecer - e ainda não conheço- mais eu amo estes bichinhos. É tão indescritível o que eles nos dão... Agora estou eu num dilema. Preciso me mudar mas não posso levar os bichos. Aí me perguntam: mas vai pensar em bicho num momento desses? – Eu digo: vou. Eles garantem minha sanidade mental. Juro por Deus. Eu busquei estes filhotes na barra da saia da mãe deles, cheirando a leite, agora vou abandoná-los, sem mais nem menos? Mas neim. Meus filhos precisam deles. EU preciso deles. Mais do que meus filhos.