sexta-feira, 13 de abril de 2012

Abaixo os machistas!


09.04.12

Conheço e reconheço uma personalidade machista quando eu vejo.

Em alguns países, até os dias de hoje,  a mulher não tem vez, não tem voz, não tem direitos.

Para os machistas, todas as esposas devem ser Amélias por padrão. Devem ser devidamente acomodadas com a vidinha feijão-com-arroz que têm, devem se contentar com o básico do básico, estar sempre prontas para servir ao marido e filhos como escravas subservientes (afinal, foi para isso que foram criadas). Não devem nunca se rebelarem, buscar melhoria para si mesmas como pessoas, como profissionais, buscar instrução, cursos, aperfeiçoamentos, bem estar. Pra quê? Não devem querer cuidar do corpo. Não devem ter vaidade. Devem estar sempre prontas e dispostas a serem “usadas”, cumprindo seu papel no casamento. Lembro  de cenas repugnantes de filmes, com homens rudes e sujos, barbados e horrorosos, dizendo à mulher, que ralou e trabalhou o dia todo. “-Vai se lavá que hoje eu quero lhe usar!” afe.

 Devem aprender apenas a de adaptarem com suas viseiras – casa-marido-filhos. Diversão? Televisão.

E sabe? Tem mulheres que são felizes sendo assim. Sério. Muitas realmente não almejam nada mais do que isso. Muitas foram criadas assim, para ser boa esposa, prendada, boa cozinheira, que lava, passa, costura, limpa, tira mancha de absolutamente tudo, faz o diabo a quatro numa casa. Acorda de madrugada e dorme com as galinhas.  Para muitas o casamento e a vida de Amélia era seu sonho de consumo. E são realmente felizes vivendo assim. Esta vida basta a elas.

Mas... e as que querem mais? As mulheres da nova geração? Devem ser apedrejadas em praça pública por quererem sempre mais? Por não se acomodarem em viver sem viver?

Conforme www.juspodivm.com.br/noticias/noticias_1410.html, a cada 12 segundos, uma mulher é estuprada no Brasil. (imagina no mundo!) Mas para os machistas, mesmo sabendo os requintes de crueldade cometidos por estes senhores, a culpa é da mulher. O mesmo vale  crueldade cometidas por parentes que assediam e estupram crianças, jovens, idosas - a justificativa é uma só:  a culpa é da mulher.

Na mente deles, a coisa funciona meio assim: “A mulher era bonita demais. Claro que tinha que ser estuprada! Olha a roupa que ela usa! Tudo que ela usa fica sensual! Tá pedindo pra ser estuprada.  A culpa é da mulher, da postura dela, das roupas que ela usa, olha o jeito de andar, olha essas coxas...”

Li este texto abaixo e gostei muito, então vou recomendar:




Os machistas deveriam todos queimar no mármore do inferno. Deveriam ser cortados com facas de mesa, bem cegas. E morrer lentamente.

domingo, 1 de abril de 2012

Coisas de Galinha

 
Era uma vez uma galinha chamada Maricota. Maricota era uma galinha espevitada, inquieta, cheia de sonhos e vida, linda, mas sem a consciência exata de sua beleza interior e exterior.
Na sua juventude galinhística, perambulou aqui e ali, como um beija-flor beijando cravos sem importância. Conheceu um Galo Garnizé muito galante e sedutor, a quem entregou seu coração e sua virgindade de franga. Mas esse galo pertencia a outro galinheiro. Ela logo viu que não ia dar pé.
Mudou-se para outro quintal, onde conheceu o Galo Rafael, um galo mais experiente, com quem ela se afinizou à beça. Casou-se com ele, imaginando o futuro, os pintinhos, a decoração do poleiro, em sonhos definia os matizes do seu futuro, sua vida a dois, a construção da sua família feliz.
Veio o primeiro pintinho....depois o segundo pintinho...Ela cheia de sonhos. Ok, não teve poleiro-de-bebê ainda, mas vai ter. O tempo passou. Os pintinhos viraram frangos e nada de poleiros pros pintinhos. Ela aguardava a concretização dos sonhos antigos...O Galo Rafael trabalhava, dormia, jogava seu futebol, dormia, trabalhava....
E com o tempo, as caraminholas e minhocas começaram a subir pra cabecinha de Maricota e criar raízes. Ela ia questionando....se inquietando, se amargurando....Os franguinhos crescendo e a vidinha deles não saía do lugar....Ela chamou o Galo, conversaram, ponderaram, ele fez promessas de aumentar o poleiro, ajudar a criar os franguinhos...Ela ficou toda feliz.


Massssss, com o tempo, nada, nada acontecia. Começou a ficar amargurada. Começou a ficar implicante, ao mesmo tempo em que Rafael se enfiava mais e mais na sua concha-de-galo. E o tempo rodava. Problemas galinhísticos aqui...problemas galinhísticos ali....ela foi perdendo as esperanças. Foi se deprimindo....
Ela não sentia mais ali um casal e sim um Galo e uma Galinha vivendo suas vidinhas paralelamente. Por fim, até as farras-de-galo-galinha foram murchando. E a VIDA murchava dentro dos dois. Ela pedia, mostrava a ele que estava infeliz, procurava opções para ressuscitarem a graça do início e nada. O Galo não tava a fim. Ela tinha sede de vida, de movimento.


Os franguinhos brigavam, disputavam, o Galo Rafael passava a passos lentos, plácidos e impassíveis, diretamente pro seu canto preferido do poleiro. E lá ele ficava. Quieto. Silencioso. Dormindo.
Sozinha ela, sozinho ele. Ela descobriu o intercâmbio de galos para outros galinheiros. Rafael viu em silêncio seu reino ser ameaçado e nada fez. Silencioso ele estava, silencioso ele continuou. Para Maricota, Galo que não canta, não se importa com a galinha.
Então, mosinfio, ela resolveu chutar logo o pau desse poleiro, pediu separação de corpos-de-galos;  passeou durante uma semana pra outro galinheiro distante e paquerou outro galo, que lhe despertava a pessoa viva que existia ainda dentro dela.
Enquanto isso, o Galo Rafael aproveitou para escrever o nome de Maricota num papel, picotou e espalhou o nome dela pelo chão do galinheiro. Cada galinha passava por um pedacinho do escrito e dizia: - Ohhhhhh!! Ohhhhhh!

Voltou. Separou. Sofreu. Chorou. Comeu o pão que o diabo amassou (porque nesse galinheiro, criar filho sozinha não era fácil). Enfim. Tentou recomeçar. Até hoje Maricota escuta as diversas versões alheias e maldosas sobre sua viagem, sua vida , suas atitudes. Mas ela sabe, que quem sabe da galinha, é só ela mesmo. E a vida continua.

Antes de me julgar.....

Antes de julgar a minha vida ou o meu caráter... calce os meus sapatos e percorra o caminho que eu percorri, viva as minhas tristezas, as minhas dúvidas e as minhas alegrias. Percorra os anos que eu percorri, tropece onde eu tropecei e levante-se assim como eu fiz. E então, só aí poderás julgar. Cada um tem a sua própria história. Não compare a sua vida com a dos outros. Você não sabe como foi o caminho que eles tiveram que trilhar na vida.
Clarice Lispector